quinta-feira, 3 de julho de 2008





A beleza do comportamento dos atletas perante o treino, a sua alegria, o seu compromisso, a sua apetência para trabalhar bem, não foram motivos suficientes para modificar a minha convicção de que além de bem é fundamental que os jogadores trabalhem muito. Daí o aparecimento dos primeiros gemidos, os primeiros “ais”, as primeiras sofridas e silenciosas revoltas contra os carrascos dos treinadores.

Mesmo assim a minha alegria mantém-se. Trabalho de força/potência, aumento de intensidade na aquisição de resistência e uma semi-ausência da bola, foram os condimentos apresentados aos jogadores no primeiro treino do dia. Ainda é cedo para começarmos a operacionalizar o treino em função do modelo e sistemas de jogo. Além do mais, entre equipa técnica e jogadores há uma aquisição mútua de conhecimentos que facilitam a integração dos jogadores no esforço que lhes é pedido. Os jogadores confiam no que está a ser feito e na qualidade do trabalho que desenvolvem. Sei que é antiga a frase “é melhor chorar agora para sorrir mais tarde”, mas ela tem total aplicação nestes primeiros dias de estágio.

Esqueci-me dos modelos tácticos, das circulações, dos blocos altos ou baixos? Não, claramente que não, mas teremos tempo para trabalharmos tudo isso. E, de resto, de que serve tudo isto sem que os jogadores adquiram o melhor da sua capacidade física e psicológica? Para jogar paradinho estamos cá nós, eu, o Nascimento, o Basílio, o Neno e o resto da companhia.

Agora uma bicada para os jornalistas. Notei que estavam desatentos no treino da manhã. Todos os dias nos perguntam por reforços, todos os dias a resposta é a mesma: “Estão a caminho”.

Pois bem, esta manhã, apareceram dois, estiveram no relvado, demonstraram a sua perícia e ninguém deu por isso. Desatenção é pecado para a imprensa. Como foi possível que não tivessem percebido a presença dessas duas novas aquisições: Vasco dos Cantos e Zé Tarik. Um, o mais velho, até ontem era director-desportivo do Vitória. O outro, mais novo, era o secretário-técnico. Já dei a minha aprovação às suas sensacionais transferências, dos respectivos gabinetes para o nosso balneário. E com contratações destas já podemos dizer que o plantel está fechado. Neste caso, é para fechar mesmo .

Já agora, mais a sério, e a propósito de aquisições, reforços que estejam para chegar para o Vitória, falarei amanhã. Inclusive dos reforços que aqui anunciei e que já treinaram hoje e que os senhores jornalistas não viram.

Manuel Cajuda

 




Estágio

Quando cheguei a este estágio trazia uma preocupação dominante. E era o de aquilatar rapidamente as diferenças que pudessem existir nos jogadores, decorrentes da maravilhosa classificação da época passada (terceiro lugar na liga e apuramento para a Champions). Tinha de verificar se havia alterações na personalidade dos jogadores, se chegavam mais vaidosos, se chegavam desfocados do principal objectivo deste início de época. Manter os pés ligados à terra.

O que rapidamente percebi foi que os meus receios eram exagerados, porque os jogadores mantinham a humildade que os fez perceber sempre que o funcionamento da equipa depende do seu compromisso com um ideal colectivo.

Os jogadores compareceram nestes primeiros dias de estágio em excelentes condições (eu já devia saber que seria assim, porque esta gente não me desilude) e confirmei que a maldita vaidade não entrou no balneário. Ou melhor dizendo, existe uma vaidade perceptível nestes jogadores e que é apenas a de jogar neste clube especial. Sinto os jogadores felizes e aptos para novas e gloriosas conquistas.
Regresso ao clube

Assim que cheguei deparei-me com uma agradável confirmação. Este clube está a modernizar-se e isso vai ajudar a definir melhor os nossos objectivos. Agora sim, vejo um Vitória grande e moderno. A alegria dos associados será a mola inicial para darmos o salto que pretendemos. Um salto de qualidade e de afirmação no contexto do futebol português e internacional. Sentimo-nos obrigados a fazer uma promessa aos adeptos: “Tudo faremos para não vos desiludir”.

O grande objectivo

Todos têm de perceber, em especial os sócios e adeptos do Vitória. Uma coisa é o que eu digo, outra coisa é o que alguns entendem e outra coisa ainda é o que escrevem sobre o que eu digo. Numa recente entrevista apontei a manutenção como objectivo inicial desta época. Faz sentido que assim seja, não por medo de assumir outros objectivos, mas por realismo. Abaixo dos três clubes que normalmente se designam de grandes do futebol português, qualquer outro está sujeito, numa época má, à descida de divisão. Infelizmente, este clube sabe que é assim.

Mas não me sinto tão miserável como algumas pessoas podem pensar. Estou muito a gosto no Vitória e quero que o Vitória seja respeitado pela sua grandeza. Por isso disse que a manutenção é o primeiro objectivo mas não é o último. Continuo fiel ao que disse e continuo fiel à grandeza deste clube. Não estamos aqui para perder, estamos aqui para ganhar. Porém, os objectivos conseguem-se a trabalhar no duro. Não há sucessos antecipados no futebol.

De resto, aos sócios e adeptos do Vitória, tenho de ser mais preciso nas minhas declarações, para que não existam segundas ou terceiras leituras sobre o que digo ou escrevo: o grande e único objectivo assumido por todos nós é o de não desiludir os adeptos. Daremos a nossa vida por isso. Assim continuem a acreditar em mim, nos jogadores e na direcção.

Manuel Cajuda

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